quarta-feira, 25 de abril de 2012

"em que somos ainda devotos"

http://www.youtube.com/watch?v=oJZPb6Wx7Wk

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"revolucionarismo", de g. rocha

"Claro, desde o início o cinema teve uma relação especial com a crença. Há uma catolicidade do cinema (são muitos os diretores confessadamente católicos, até mesmo nos Estados Unidos, e os que não o são têm relações complexas com o catolicismo)(...) Ou melhor, desde os primórdios, o cristianismo e revolução, a fé cristã e a fé revolucionária, foram os dois pólos que atraíram a arte das massas. Por isso ela se desenvolve, seja no sentido de transformação do mundo pelo homem, seja na descoberta do mundo interior e superior que é o próprio homem... Não se pode dizer hoje que estes dois pólos do cinema se tenham enfraquecido: uma certa catolicidade não deixou de inspirar numerosos diretores, e a paixão revolucionária tomou conta do cinema do Terceiro Mundo.(...)
O fato moderno é que já não acreditamos neste mundo. (...)
(...)Restituir-nos a crença no mundo: é esse o poder do cinema moderno(...)



Gilles Deleuze. A Imagem-Tempo (Cinema 2)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Glauber, crítico e poeta

Talvez se possa dizer que hoje, em todos os países, existe o que poderia ser chamado de uma classe mídia formada por pessoas de todos os diferentes grupos econômicos e sociais unificadas em torno da linguagem dominante do audiovisual norte americano. Unificadas pela linguagem, pelo contar e não pelas coisas contadas. Talvez se possa dizer que na América Latina (mas convém insistir não apenas na América Latina) muitas pessoas migraram de seus países, mesmo sem sair de suas fronteiras, mesmo sem deixar suas casas, mesmo sem sair de suas fronteiras, para esta terra virtual - que esta sim, passam a identificar como sua. E talvez se possa dizer ainda que a perspectiva latino-americana, a invenção de novas identidades coletivas, porque se encontra no extremo oposto da destruição de identidades propostas nesta terra-linguagem, pareça conversa em língua estrangeira.

Estrangeiro em sua própria tela, o cinema sonha a prisão dos sonhos.

depois de sonhar que não conseguia dormir, o cinema latino-americano despertou para um pesadelo.

Quanto mais forte surgiu entre nós o desejo de enfrentar o problema comum, a miséria, e perseguir o objetivo comum, a libertação cultural (e econônica, e política)da América Latina, o modelo, o ponto de partida para a invenção cinematográfica foi a realidade imediatamente visível que então se tentava encobrir. Mais exatamente, foi uma atitude poética política diante do imediatamente visível. Por isso mesmo Glauber podia dizer que a idéia de um cinema latino-americano capaz de superar nacionalismos e fronteiras ultrapassava o sentido puramente cinematográfico. Hoje, ao contrário, nossos cinemas procuram não ultrapassar o puramente cinematográfico. Partíamos de uma vontade de documentar (mesmo nos documentários). Por isso mesmo Glauber propôs, já no começo dos anos setenta, saltar da estética da fome para a do sonho. Sonhávamos de olhos abertos para a realidade. Agora só temos olhos para a realidade do sonho.

(cinemais - Revista de cinema e outras questões audiovisuais)